João Pedro Fonseca regressa ao CCB, mas desta vez acompanhado de Orlando
Após o sucesso visual e cénico da ópera”L’isola Disabitata” (https://goo.gl/eCWnV9) no ano passado no CCB, Centro Cultura de Belém – grande auditório, com Carlos Pimenta na concepção, direcção e espaço cénico, o lamecense João Pedro Fonseca no vídeo e espaço cénico e Rui Monteiro no desenho de luz, peça orquestrada pela Divino Suspiro com direcção de Massimo Mazzeo, o trio volta ao ataque nos palcos do CCB desta vez com a peça “A GRANDE VAGA DE FRIO” (com ORLANDO de Virginia Woolf). Uma coprodução com a Ensemble e interpretação de Emília Silvestre. Já é o segundo espectáculo que o artista visual João Pedro Fonseca realiza no Centro Cultural de Belém a convite de Carlos Pimenta. Depois do êxito da realização da ZONA – Residências Artísticas de Lamego dentro do campo das artes contemporâneas com a exploração das mais variadas vertentes artísticas seguem-se mais desafios, desta vez nos palcos de Lisboa e posteriormente Porto.
“Os temas propostos por Virginia Woolf em Orlando têm sido bastante abordados no teatro e no cinema. Desde o filme de Sally Potter (1992) com Tilda Swinton, à encenação de Bob Wilson (1989 – 1993 – 1996) com Jutta Lampe, Isabelle Huppert, Miranda Richardson, e, em termos nacionais, à recente criação cénica de Sara Carinhas e Victor Hugo Pontes (2015) com interpretação de Sara Carinhas, são muitas as leituras possíveis do romance publicado em 1928. Se destaco neste contexto o nome das intérpretes é porque para fazer Orlando é sempre necessário uma (ou um) grande intérprete. Poder voltar a trabalhar com uma grande intérprete foi o que me motivou para fazer Orlando. E só isso já é, por si, uma bela justificação. O teatro faz-se de prazeres, e, também, de desafios, e sabemos que Orlando encerra vastas questões que suscitam apetecíveis abordagens: o tempo, a realidade e a ficção, a questão do género, a questão transgénero, a emancipação da mulher, a crítica a uma certa literatura inglesa, a censura ao puritanismo vitoriano, etc., etc. Para nós A Grande Vaga de Frio é tudo isto e, também, o gosto de poder construir um espectáculo de teatro na expectativa de que o público nele se encontre e dele se aproprie. Durante o trabalho que fizémos até aqui chegar fomos constatando que A Grande Vaga de Frio se autonomizava de Orlando. E isso era bom de verificar. A dramaturgia de Luísa Costa Gomes emancipava-se e acrescentava ao(s) tema(s) novas possibilidades. A descoberta das mesmas durante o processo de ensaios constitui o prazer de que vos falo. Todos sabemos de que trata Orlando. A Grande Vaga de Frio trata de tudo isso e, também, daquilo que lhe fomos acrescentando. E é esta a nossa maneira de ser Orlando.”