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Museu de Lamego e Arquivo EPHEMERA apresentam a exposição “A Face dos Livros” no Museu Diocesano de Lamego

Com inauguração marcada para o dia 6 de outubro, pelas 18h00, no âmbito da programação de Textemunhos – Festival Literário, que decorre entre 5 e 8 de outubro, a exposição A FACE DOS LIVROS chega após uma primeira apresentação na SPA – Sociedade Portuguesa de Autores.

Museu de Lamego e Arquivo EPHEMERA apresentam a exposição "A Face dos Livros" no Museu Diocesano de Lamego

Organizada pelo EPHEMERA – Arquivo e Biblioteca de José Pacheco Pereira, a exposição compreende mais de cem livros e capas de livro, com o intuito de valorizar obras dos principais criadores plásticos que, ao longo de várias décadas, criaram capas para obras de referência.

A FACE DOS LIVROS, a inaugurar pelo historiador e comentador político, José Pacheco Pereira, e a curadora Carla Pacheco, apresenta a obra gráfica de nomes como Alonso, Alfredo Morais, Alberto de Sousa, José de Almada Negreiros, Lima de Freitas, Raquel Roque Gameiro, Stuart Carvalhais e Vitor Palla, e, entre tantos outros, do cineasta João Botelho, que marcará presença na sessão inaugural.

A exposição pode ser visitada no Museu Diocesano de Lamego, entre 7 de outubro e 31 de dezembro, de terça a domingo, entre as 09h00-13h00 e 14h00-18h00.

A FACE DOS LIVROS

Por José Pacheco Pereira

Na selva iconográfica do ARQUIVO EPHEMERA, as capas dos livros estão emaranhadas com tudo. Transportam o elemento mais importante num arquivo que é a materialidade da coisa tocada pelo tempo. E não precisamos de perguntar, como Heidegger, “o que é uma coisa?”.

Os livros são a coisa mais próxima dos homens. Fazem companhia ao reino dos animas, ao darwiniano macaco, à flora e todo o mundo de bactérias e vírus que nos acompanham. Nem tudo é bom, mas a natureza não foi feita para nós, nós é que fomos feitos pela natureza. E como não há árvores que deem livros em vez de folhas e frutos, os livros são a contribuição humana ao mundo das coisas. Primeiro, a palavra, depois os livros.

Os livros têm cara e corpo, depois ganham pernas e braços. A cara são as capas, como se vê nesta exposição. O corpo é o que está lá dentro. Estas são as partes visíveis. Depois há as invisíveis: as pernas e os braços. As pernas são para andar, há livros com pernas para andar e outros não. Os braços são a parte dos livros que nos prende num abraço que pode ser perverso. Não é por acaso que os ingleses dizem que ler livros é feeding the monster.

Ao ver estas capas percebemos as muitas faces dos livros e como elas atraem os que as desenham, trazendo os livros para o seu tempo. Nesta exposição estão os sinais dessa mudança do tempo no século XX. estilos, formas, elementos de comunicabilidade, criação, poética. E depois, como quem vê caras, não vê corações, pode-se partir para dentro do corpo. Não nos responsabilizamos pelos resultados.

Por Carla Pacheco

Nesta exposição foi desafiada a crença de que não se deve julgar o livro pela capa, quando se decidiu que o objeto a expor seria um conjunto de livros cujo critério de seleção assentou sobretudo no seu impacto visual.

A Face dos Livros remete para a sua forma exterior, como elemento distintivo e exclusivo. Essa característica inerente à capa, que embora tenha surgido com o propósito de proteger o miolo do livro, foi gradualmente adquirindo novas intenções, que em última instância visam, através de soluções gráficas, informar e seduzir o público para o conteúdo do livro.

Sendo o livro um dos objetos predominante do espólio do Arquivo Ephemera, fez sentido destacá-lo também enquanto objeto de possível fruição estética. Num período de 70 anos podemos apreender a evolução estilística das capas ilustradas, por um conjunto de artistas, ilustradores e designers, cuja vitalidade do seu trabalho impactou o panorama artístico português.

Nesta viagem contemplativa que se inicia nos anos 10 do século XX, por uma estética de influência ainda naturalista nas capas ilustradas por Alonso, Alfredo Morais, Alberto de Sousa, Raquel Roque Gameiro, coexistindo com os ares modernistas de Almada Negreiros, Stuart Carvalhais, Jorge Barradas, Bernardo Marques, passando pelo neo-realismo de Manuel Ribeiro de Pavia, Lima de Freitas ou pela afirmação do design português, a experienciar linguagens mais cosmopolitas, com Vitor Palla, Sebastião Rodrigues, Câmara Leme, Paulo-Guilherme, Luiz Duran, entre tantos outros que podem ser apreciados nesta exposição e outros tantos que aguardam ser descobertos ainda no espólio vivo do Arquivo Ephemera.

[Fonte: EPHEMERA – Biblioteca e Arquivo de José Pacheco Pereira]

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