Aniversário da Misericórdia de Lamego homenageou 500 anos de História
Quando em abril de 1519, o corregedor da cidade de Lamego e da comarca da Beira e de Riba-Côa, António Correia, convocou os oficiais, a nobreza e o povo e divulgou uma provisão do rei D. Manuel I, o qual mandava que se erigisse uma Misericórdia nas cidades da sua jurisdição, saindo deste mesmo ato eleito o primeiro provedor, poucos imaginariam que volvidos 500 anos, a Santa Casa da Misericórdia de Lamego perdure no tempo, vivendo, durante muitos séculos, apenas das doações feitas pelos seus beneméritos. Na hora de celebrar cinco séculos de existência, cujo momento alto foi, a 12 de abril último, a realização de uma Sessão Solene Comemorativa, o Provedor António Marques Luís realçou o empenho de “tanta gente misericordiosa, de coração aberto, que doou generosamente e alguns ainda continuam a doar, tudo aquilo ou muito daquilo que angariaram com o seu esforço, o seu trabalho, e que generosamente o doaram a esta instituição”. “E se o deixaram, é porque reconheceram que esta instituição lhe dava um destino adequado, dedicando-se a prestar apoio aos mais pobres, aos mais desfavorecidos, quer seja do ponto de vista económico, quer seja do ponto de vista da sociedade em que se inserem, daqueles que duma forma ou de outra, foram relegados para segundo plano, sofrendo por isso as consequências nas suas vidas”, afirmou.
Uma das mais antigas do país e uma instituição nacional de referência na oferta de respostas e soluções integradas e inovadoras na área da solidariedade social, a Misericórdia de Lamego celebrou esta data histórica, no Teatro Ribeiro Conceição, com um extenso programa de atividades. Ao longo do dia, as comemorações também constituíram um ponto de encontro para antigos e atuais dirigentes, colaboradores, “irmãos” e muitos lamecenses que se quiseram associar a este dia festivo que terminou, já durante a noite, com a realização do espetáculo musical “Unidos pela Misericórdia”, animado em palco por muitos artistas e grupos locais.
“Prestação de cuidados com modernidade, qualidade e humanização”
Durante a intervenção de abertura, o Provedor António Marques Luís recordou que esta instituição “tem tido a felicidade de, ao longo destes séculos, ter à frente dos seus destinos irmãos e irmãs responsáveis que souberam sempre, nunca pôr em causa o seu futuro, dotando-a de uma gestão equilibrada e sustentável”. “Temos por isso o desígnio de nunca comprometer essa sustentabilidade, tendo, no entanto, uma visão para esta instituição que, sustentabilidade não é apenas contabilidade, deve e haver, mas tem sempre de se alcançar pela qualidade dos serviços prestados e por isso tem esta Mesa Administrativa, vindo a desenvolver um conjunto de atividades e de projetos que permitirão que esta Santa Casa alcance e se distinga, por patamares de excelência, na prestação de cuidados aos seus utentes, procurando que os nossos utentes possam sempre, mas sempre, sentir que os serviços prestados pela nossa instituição, os enriqueceram do ponto de vista pessoal, contribuindo para criar novas oportunidades de vida naqueles que foram marginalizados social ou espiritualmente, ou um final de vida condigno, mas o que realmente queremos é que muito para além de possibilitar melhores condições de vida materiais, possamos sempre acompanhá-los de muito carinho, de muito amor, de muita humanidade”, fundamenta.
Tendo ao seu lado o Presidente da Câmara Municipal, Ângelo Moura, e o Presidente da União das Misericórdia, Manuel de Lemos, Marques Luís também abordou os desafios que se colocam no presente a uma instituição multisecular, nomeadamente “o enorme esforço financeiro” que está a ser concretizado na requalificação do Lar de Idosos de Arneirós: “Mas decidimos levar a cabo em nome de uma política de revalorização das nossas valências de modo a adaptá-las às exigências de uma prestação de cuidados com modernidade, qualidade e humanização. Teremos no ano que vem, em 2020, uma Estrutura Residencial Para Idosos, de excelência, que iremos pôr ao serviço da nossa população”.
“Com o coração e com a paixão pelos outros”
Perante uma vasta plateia, também recordou que, ao longo de cinco séculos, a Misericórdia de Lamego “disse sempre PRESENTE e esteve e está na linha da frente do combate à pobreza, à exclusão social e à desigualdade”. “É com o coração e com a paixão pelos outros que devemos estar nas Santa Casas da Misericórdia. Esse deve ser o lema diário de todos quantos nelas servem e trabalham”, acredita.
Ao longo do dia de aniversário também se destacou do extenso programa de comemorações, a realização de uma Oração de Sapiência proferida pelo Bispo da Diocese de Lamego, D. António Couto, e a conferência “Misericórdias Cinco Séculos de Desafios e Oportunidades”, tendo como orador António Tavares, Provedor da Misericórdia do Porto.
O início do programa de celebrações do 500º aniversário da instituição contou ainda com a realização de três painéis de debate dedicados à economia social.
Fonte: www.cm-lamego.pt