ZONA: Depósito de uma Natureza Activa de João Pedro Fonseca

Sob o título o “Depósito de uma Natureza Activa”, a ZONA – Residências Artísticas de Lamego apresenta, no próximo dia 23 de Dezembro, pelas 21h30, na Casa do Artista em Lamego, uma exposição do artista visual João Pedro Fonseca, que repensa o equilíbrio de forças entre a natureza e a humanidade. Sendo um reflexo das preocupações ecológicas que têm despertado nos últimos anos, esta exibição alerta o Homem para a frágil sustentabilidade do mundo natural, num momento em que este se constitui numa força maior e activa. Partindo da sua face mais irascível e selvagem, esta natureza activa é abordada em três momentos distintos, criados por João Pedro Fonseca.

Os trabalhos artísticos audiovisuais são sonorizados pelos artistas I, Alexander, Mr. Herbert Quain e Manuel Guimarães, que constituem um laboratório livre no qual se dá forma à reafirmação do conceito de natureza à luz das suas mutações atuais. “Depósito de uma Natureza Activa” parte do paradoxo criado no período antropoceno para nos infligir com as reflexões que levanta. Por um lado, faz-nos pensar as grandes urbes como centros de controlo maquinal social das massas, que se apoderam de todo o espaço e ambiente em torno. Por outro, existe uma resposta por parte da natureza que se consolida numa imposição de poder sobre o Homem, uma promessa de um ambiente mais saudável e equilibrado, que, no entanto, se delega à desertificação.

A generalização da natureza como “natureza morta”, sob o signo do racionalismo e dos avanços da ciência moderna, torna-a previsível, e o conhecimento sobre ela num dado adquirido face à evolução da técnica. O Homem assume um papel que é, simultaneamente, o de mestre que inventa a própria natureza, que a concebe como elemento também ele maquinal, passível de ser controlado por meio de uma engenharia absoluta, e o de observador impassivo e seguro face ao cenário que artificialmente montou. Este é, no entanto, um sonho para o qual tem acordado recentemente. O impacto humano sobre a Terra é um mecanismo que acelera o progresso na mesma medida em que assegura o seu declínio. Em “Depósito de uma Natureza Activa”, o ambiente abandona o pano de fundo da ação humana, o seu carácter silencioso e envolvente, para se consumar numa força central, instável e indecifrável, no momento em que, ironicamente, o mundo começa a acordar para as suas responsabilidades ecológicas. A exposição, que ficará patente na Casa do Artista entre 23 de dezembro de 2017 e 15 de fevereiro de 2018, projeta esta força desgovernada, que contraria uma passividade milenar, e que se revela indiferente aos crimes, esperanças ou preces do seu “criador”. Esta é uma iniciativa ZigurArtists que conta com o apoio institucional da Câmara Municipal de Lamego.​