Cirurgias adiadas por falta de médicos em Trás-os-Montes
Mais de 30% das cirurgias foram adiadas, nos últimos 4 meses, no Centro Hospitalar de Trás os Montes e Alto Douro, que inclui os hospitais de Vila Real, Lamego e Chaves.
A Ordem dos Médicos e o Sindicato Independente dos Médicos dizem que o Centro vive uma situação de insustentabilidade e alertam para a necessidade urgente de por fim à falta de médicos, principalmente anestesiologistas.
Miguel Guimarães da Ordem dos Médicos diz que o que está a acontecer não pode continuar e que não pode haver portugueses de “segunda”. Faltam médicos, principalmente anestesistas e as consequências, diz, são bem visíveis.
“A atividade no serviço de urgência tem sido francamente afetada. No bloco operatório, em média, nos últimos quatro meses, foram adiadas mais de 30% das cirurgias, o que significa que a população deste Centro Hospitalar, estamos a falar do distrito de Vila Real, está a ser considerada uma população de segunda categoria e nós não podemos aceitar isso”.
Para lá da urgência e das cirurgias, as faltas notam-se também em urologia. Foi de lá, diz Manuela Dias do Sindicato independente dos médicos, que partiu este grito de desespero.
“Foi um pedido de ajuda aos colegas, porque com o enorme esforço que eles têm feito não sabem quanto mais tempo é que vão conseguir sustentar, aguentar esta situação, o tratamento dos seus doentes. Eles sentem uma angústia enorme no seu dia-a-dia de trabalho”.
E acrescenta que, de imediato, para que não haja suspensão de mais serviços, seriam necessários 14 médicos. “Precisam 32 mas para já, para não encerrar ainda mais atividades ou, digamos, ficarem reduzidos a um serviço de urgência? Para já são precisos mais 14 de imediato”.
Uma situação que o sindicato diz que se tem arrasado e vindo a piorar desde 2011. Miguel Guimarães da Ordem dos médicos acrescenta que tanta a Administração Central dos Serviços de Saúde como o próprio Ministério da Saúde têm que definir rapidamente prioridades para a contratação dos profissionais de saúde.
“Vila Real, Algarve, Madeira são três áreas claramente deficitárias no nosso país e depois quando se trata de fazer as contratações dos vários profissionais de saúde, e neste caso dos médicos que vão trabalhar no serviço nacional de saúde, tem que haver definição de prioridades e isso não tem existido”, conclui.
A administração do Centro Hospitalar não quis prestar declarações.
Fonte: www.tsf.pt