O Douro: “trabalho colossal” que António Barreto vai fotografando
Há quase 40 anos que o sociólogo fotografa o Douro em que nasceu. Douro, lugar de um encontro feliz, exposição que Barreto inaugura hoje no Museu do Douro, mostra-o, das vinhas às gentes
“O Douro é muito fotogénico, sabe? Oferece uma variedade tão intensa de paisagens e de pontos de vista. Quase nunca é chato. É contrastante, é forte. O nevoeiro é forte, o frio é fortíssimo, o calor, o sol, a luz é intensíssima, os mortórios, é tudo tão forte.” António Barreto falava no seu tom habitual, calmo, pausado. Nunca inflamado, nem mesmo ao referir o lugar que há 36 anos fotografa, numa vida que conta 72. Falava já em Peso da Régua, onde hoje, às 17.00, no Museu do Douro, inaugura Douro, lugar de um encontro feliz. A exposição conta 55 fotografias tiradas entre 1978 e 2014. Atrás da lente, sempre ele, o sociólogo, o ex-professor universitário e ex-político, o homem que nasceu no Porto e cresceu na Régua.
Começou por fotografar aquilo que era a sua casa. “Os meus, os meus locais, isso é um incentivo forte.” Ainda “a luz, os contrastes, o rio, as montanhas, a vinha.” E depois isto: o Douro “é um trabalho enorme, colossal”. “O que você vê hoje no Douro foi tudo feito pelos homens, os socalcos, os terraços, os taludes, aplanar a vinha, plantar o olival, foi tudo muito trabalhoso, foi preciso fazer o caminho de ferro, as estradas, os caminhos. Tudo no Douro é mais difícil. Não há terra, é preciso fabricá-la, andar à pancada com o xisto. Tudo estava contra e deste encontro resultou este fabuloso vinho e aí é que está a felicidade.” É daí que vem o nome da exposição. Dos lavradores, dos comerciantes do Porto, dos galegos que construíam os muros, dos ingleses, dos escoceses.
Fonte: www.dn.pt