Cinfães, Mourão, Lamego, Espinho, Baião, Vila Nova de Gaia, Resende, Gondomar são alguns dos concelhos portugueses mais duramente flagelados pelo desemprego numa altura em que o fenómeno até dá sinais de algum recuo no país ou noutras zonas do território, mostram cálculos do Dinheiro Vivo a partir de dados oficiais.
Quase 30% dos concelhos do continente (76 em 278) estão acima da média nacional neste balanço. O norte do país continua a ser o mais afetado: 58% dos concelhos desta região estão acima da linha média nacional.
A medida usada – o peso do número de desempregados registados nos centros de emprego no total da população residente (não existe informação recente sobre a população ativa municipal) – mostra que a intensidade do desemprego (usando a população residente como denominador) ronda os 5,9% em Portugal. A taxa de desemprego respetiva é muito maior, no caso nacional cerca do triplo.
A taxa de desemprego propriamente dita é a que resulta do inquérito trimestral do INE, que usa como base de comparação a população ativa, ou seja, não conta com crianças, reformados, estudantes, militares. Daí a medida medida nacional ser maior, devendo estar hoje na casa dos 14% da população ativa. O INE divulga hoje o resultado para o segundo trimestre. Nos primeiros três meses do ano foi 15,1%.
Portugal têm uma enorme diversidade de situações do mercado de trabalho, mas da análise feita percebe-se os concelhos mais a norte, do sul interior e do Algarve são os que maiores dificuldades apresentam.
Cinfães (norte, região do Tâmega, distrito Viseu), um pequeno município com quase 20 mil habitantes, lidera o ranking nacional: 11,3% da população residente está sem trabalho e registada no IEFP. O desemprego efetivo é o dobro, estará em quase 30%. O número de pessoas registadas nos centros de emprego já vai em 2229 casos, mais 6% face a junho do ano passado.
As causas que explicam esta situação estão há muito identificadas: desertificação e natalidade baixa, abandono do interior, emigração, fraca competitividade regional, a reforma do Estado (que forçou o encerramento de serviços públicos e a paragem de investimentos).
A Câmara de Cinfães tem avançado com algumas iniciativas para tentar travar este declínio, incentivo a negócios novos apoiados por fundos europeus. “Modelos de negócio inovadores, sustentáveis, replicáveis e de forte impacto social, económico e ambiental”, diz a autarquia. O pagamento de meio ano de salários a novas empresas por cada emprego criado com duração de três anos, cedência de terrenos a empresas e benefícios fiscais são outras medidas referidas pelo site Viseu Mais.
Cerca de 500 quilómetros a sul, quase na fronteira com Espanha, fica Mourão. Este município alentejano foi onde o desemprego mais subiu em apenas um ano: disparou quase 37% e foi, em proporção, o mais contrariou a descida generalizada do fenómeno a nível nacional (o desemprego registado no IEFP caiu quase 11%). Mais de 11% dos residentes estão sem trabalho. É a segunda pior marca nacional.
Não são apenas as terras pequenas que estão a braços com um mercado de trabalho cristalizado. A norte, há concelhos maiores que se destacam por más razões: Gaia é o melhor exemplo. Tem 9,6% da sua população inscrita no IEFP.
Do outro lado da realidade, com apenas 2% dos residentes desempregados, surgem Melgaço e Pampilhosa da Serra.
A generalidade dos indicadores do mercado de trabalho para o período de abril a junho (segundo trimestre) aponta para uma melhoria da taxa de desemprego face aos 15,1% do primeiro trimestre deste ano. No entanto, existem já sinais que a situação pode deteriorar-se no resto do ano.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) irá hoje divulgar a taxa de desemprego oficial relativa ao segundo trimestre, um valor que deverá ficar abaixo de 15,1% da população ativa. O Eurostat tem vindo a divulgar números gradualmente mais favoráveis ao longo dos últimos meses. A taxa trimestral (ajustada da sazonalidade) aliviou de 14,9% no primeiro trimestre para 14,3%, mostra uma consulta rápida à base de dados da instituição.
No entanto, o futuro poderá ser mais complicado. As perspetivas dos empresários para os próximos meses são cada vez mais negativas, sobretudo quanto à criação de emprego. E os dados mais recentes recolhidos pelo INE indicam que até a atividade está a dar alguns solavancos. O comércio a retalho e a produção industrial começaram a perder gás. E as exportações já estão a cair.
Fonte: www.dinheirovivo.pt
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