Vitivinicultores na rua contra “extinção” da Casa do Douro
Os vitivinicultores da região do Douro não aceitam a proposta do Governo que prevê a alteração dos estatutos da Casa do Douro para associação de direito privado e de inscrição não obrigatória. Em sinal de protesto, marcaram para esta quarta-feira uma manifestação na cidade do Peso da Régua.
“Com a lei já aprovada em Conselho de Ministros, o Governo prepara-se para liquidar a Casa do Douro”, afirma à Renascença Berta Santos, dirigente da Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro (Avidouro).
A dirigente associativa acusa o Governo de estar a fazer “o maior roubo à lavoura duriense de há 40 anos para cá” ao querer entregar “o património, que ainda é valiosíssimo, a uma associação privada”.
“Este é um património que é nosso. Nós precisamos da Casa do Douro tal e qual ela está e não com um estatuto diferente”, afirma.
Aquecer os motores
Berta Santos apela à mobilização de todos para uma luta que considera “em defesa da Casa do Douro, da região e dos vitivinicultores”.
“Será o aquecer dos motores porque mesmo que esta lei venha a ser aprovada em plenário na Assembleia da República, muita água ainda vai correr debaixo das pontes”, promete.
A alteração legislativa dos estatutos da instituição, aprovada anteriormente em Conselho de Ministros, foi discutida sexta-feira na Assembleia da República, tendo baixado à comissão de Agricultura.
O Governo delineou um plano para resolver o problema da dívida de 160 milhões de euros da Casa do Douro, que inclui precisamente a extinção do actual estatuto de associação pública e de inscrição obrigatória para todos os viticultores, bem como um acordo de dação em cumprimento, que visa a troca de dívida por vinho.
“Aquilo que o Governo está a fazer não é sério porque se eles quisessem fazer, como dizem, o saneamento financeiro da Casa do Douro, fariam esse saneamento sem fazerem esta chantagem à região, à instituição e aos vitivinicultores. Uma coisa não obriga à outra”, frisa Berta Santos.
A dirigente lembra que a região do Douro contribui “de uma forma muito grande para a economia nacional”, defendendo que “o Governo não pode ir contra os obreiros, os que vivem e trabalham na região e que contribuem para o desenvolvimento do país”.
fonte: http://rr.sapo.pt/