Viticultores em vigília contra a “lei-roubo” da Casa do Douro
Não eram mais de uma centena, mas os vitivinicultores durienses que esta quinta-feira participaram numa vigília em frente à Casa do Douro, no Peso da Régua, fizeram ouvir a sua voz contra a “lei-roubo” que altera os estatutos da instituição, transformando-a numa associação de direito privado e de inscrição voluntária.
A lei deverá ser aprovada esta sexta-feira na Assembleia da República com os votos da maioria parlamentar (PSD-CDS/PP), que já esta quinta-feira a viabilizou na especialidade. A oposição votou contra a proposta.
“Esta iniciativa mais não visa que a liquidação e privatização da Casa do Douro, entregando-a ao grande comércio”, criticou Berta Santos, dirigente da Avidouro, Associação dos Vitivinicultores Independentes que organizou a vigília.
Berta Santos prometeu que, mesmo que o plano do Governo seja aprovado esta sexta-feira na Assembleia da República, a Avidouro “vai continuar a lutar e a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que a Casa do Douro e todo o seu património continuem a ser de todos os Vitivinicultores”.
Berta Santos acrescentou que “todas as entidades da Região Demarcada do Douro estão contra esta lei”, mas mesmo assim a associação reiterou o pedido, nomeadamente às autarquias, “para que se unam em defesa da região”.
Entre os agricultores presentes reinava a indignação pelo que dizem ser “o roubo do património dos antepassados”, como disse Elisabete Carlos, do Marmelal, concelho de Armamar. “Não faz sentido virem os grandes latifundiários roubar o que tanto custou aos nossos pais”, insistiu, corroborada por Manuel António Rocha, de Moura Morta, concelho da Régua, que ainda acredita que seja possível reverter o plano do Governo parar alterar os estatutos da Casa do Douro.
Cátia Martins, de Galafura, Régua, colhe 20 pipas de vinho e também se juntou à vigília para dizer que “se a Casa do Douro já está mal como associação pública, vai ficar ainda pior sendo privada”.
A Avidouro também lançou esta quinta-feira uma petição para reunir as quatro mil assinaturas necessárias para obrigar o Parlamento a discutir novamente a solução para a Casa do Douro.
O plano do Governo para resolver a dívida de cerca de 160 milhões de euros da Casa do Douro prevê ainda a entrega de vinhos em stock ao Estado, através de um acordo de dação em cumprimento.
Fonte: www.jn.pt