Monges regressaram ao Mosteiro de Salzedas – Tarouca
Os descobrimentos, os ingredientes, as identidades gastronómicas dos povos, as partilhas, as fusões, resultaram numa experiência simples e extraordinariamente rica em saberes, sabores, aromas e história. Foi assim o Jantar Monástico 2014 que no Mosteiro de Santa Maria de Salzedas reuniu mais de duzentos participantes.
A carne de sol, a batata bhaji em folhas de endívia, os picles de legumes, os peixinhos da horta, a truta em salmoura e fumo, a bôla de milhos de Salzedas, o ceviche de robalo, a sopa de cenoura e especiarias, o pingue de carne com creme de gemas e mostarda, as especiarias em bolo, não esquecendo os Taroucos de Salzedas e os bolinhos de banha, fizeram as delícias dos monges que, durante um dia, voltaram a terras de Salzedas e S. João de Tarouca.
Trajados com o hábito dos cistercienses, os participantes nesta edição do Jantar Monástico reviveram manjares quinhentistas, numa reinterpretação, contemporânea da Escola de Hotelaria e Turismo de Lamego que, mais uma vez, voltou a surpreender.
Entre especiarias e condimentos, entre técnicas de conservação e confecção ancestrais, entre o passado e o presente, entre a Europa e a América, a Ásia e a África, evocaram-se produtos de além-mar, numa refeição diferente, onde, de início ao fim, não foram utilizados talheres, cujo uso foi banalizado apenas a partir de século XVII.
Uma experiência única que mais de duzentas pessoas tiveram oportunidade de vivenciar, tudo bem regado com o premiado vinho Pé Posto e o espumante Boa Parte.
Mas o programa da quarta edição do Jantar Monástico começou bem antes, durante a tarde, com um périplo pelos monumentos da região. Numa visita orientada, os “monges” passaram pelo Mosteiro de São João de Tarouca, a Ponte e Torre de Ucanha e, finalmente, o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas.
A principal novidade deste percurso foi a apresentação, pela primeira vez, do Horto Monástico do Mosteiro de São João de Tarouca, projeto que pretende devolver a paisagem do século XVIII àquele espaço, recriando o horto cultivado outrora pelos monges. Por isso, as espécies foram cuidadosamente selecionadas para reconstituir o passado, mas com os olhos postos no futuro.
Numa inciativa do Projeto Vale do Varosa e da Associação InovTerra, este é um projeto que motivou uma rede de parcerias e que tornou possível também a abertura de uma Greenshop que, nas imediações do Mosteiro, vai disponibilizar os produtos, biologicamente certificados, aos visitantes.
Na quarta edição, o Jantar Monástico, que mais uma vez volta a ter o claustro do Capítulo do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas como palco, mantém-se fiel ao seu princípio, o de divulgar um património ímpar e recordar que este se estende pela imaterialidade das vivências de que o mosteiro foi palco ao longo dos séculos.
A iniciativa contou com o apoio da Direção Regional de Cultura do Norte, Museu de Lamego, Liga dos Amigos do Museu de Lamego, Escola de Hotelaria e Turismo do Douro-Lamego, Câmara Municipal de Tarouca, Junta de Freguesia de Salzedas e Centro de Tropas de Operações Especiais.
Fonte: Televisão do Douro