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Da pintura se fez música – Museu de Lamego

Charamelas, sacabuxas, alaúdes, rabecas, gaitas de foles, manicórdios, harpas, cornetas, violas, órgãos e flautas partilham entre si a classificação de instrumento musical e o facto de estarem todos representados na pintura portuguesa dos séculos XV e XVI. São imagens de música que estiveram em destaque no Museu de Lamego durante a conferência “A Música na Pintura Portuguesa dos séculos XV e XVI”.

Da pintura se fez música - Museu de Lamego

Num interessante cruzamento entre a História da Arte e a Musicologia, durante cerca de uma hora os presentes percorreram instrumentos, notações, intérpretes, sempre entre a fantasia e a realidade, conduzidos pela investigadora em musicologia histórica Sónia Duarte, que tem dedicado os últimos anos ao estudo das imagens da música na pintura quatrocentista e quinhentista.

E não fosse o século XVI um dos temas da conferência, o cenário escolhido para “A Música na Pintura Portuguesa dos séculos XV e XVI” foi a sala de Vasco Fernandes (Grão Vasco), ainda que a música não tenha tido aí lugar, pelo menos nas cinco das vinte tábuas que sobreviveram ao devir do tempo.

Da pintura se fez música - Museu de Lamego

Quem esteve presente, teve assim oportunidade de exercitar o olhar, um novo olhar sobre a pintura, onde não faltaram as referências históricas à época áurea da História Portuguesa e à abertura de Portugal ao Mundo e, consequentemente à pintura flamenga, e as referências a bispos lamecenses, como D. João Camelo de Madureira ou D. Fernando de Meneses Coutinho e Vasconcelos, este responsável pela empreitada no Convento de Santo António de Ferreirim.

Referimo-nos à célebre parceria documentada para a Igreja deste Mosteiro franciscano e que envolveu os convencionalmente designados Mestres de Ferreirim (Cristóvão de Figueiredo, Garcia Fernandes e Gregório Lopes), num tempo em que o pintor, assim como o músico, era ainda considerado artesão e ondeas fontes de inspiração circulavam em estampas, gravuras, tratados de música ou no simples quotidiano.

Artesãos e mais tarde artistas, a História da Arte haveria de lhes fazer justiça, legaram para a posterioridade testemunhos da época em que viveram, fontes inesgotáveis de informação para o reconhecimento de práticas musicais da época.

Da pintura se fez música - Museu de Lamego

Entre a fantasia e a realidade, entre instrumentos reais e fantasiosos, foi já possível transcrever para notação moderna o que pintores deixaram registado nas suas obras, num exercício que a investigadora tentou também realizar para uma das pinturas dos Mestres de Ferreirim, mas que não foi possível concluir, pelo facto de estar rasurada. De acordo com Sónia Duarte, muito provavelmente tratar-se-ia de um responsório.

Sónia Duarte é mestre em Musicologia Histórica, pela Universidade Nova de Lisboa, com a tese O contributo da iconografia musical na pintura quinhentista portuguesa, luso-flamenga e flamenga em Portugal para o reconhecimento das práticas musicais da época: fontes e modelos utilizados nas oficinas de pintura (2012). Mestre em Educação Musical, pelo Instituto Politécnico do Porto, e licenciada em História da Arte, pela Universidade do Porto (2004), em 2013 foi bolseira responsável pelo levantamento e estudo da organologia, paleografia e iconografia musical na cidade de Penafiel (Arquivo Municipal). Desde 2009 investiga e escreve sobre imagens de música na pintura portuguesa e outras com ligações a Portugal, tendo vindo a apresentar os resultados em artigos, capítulos de livros e conferências. Prossegue o levantamento, estudo e disseminação de iconografia musical na pintura portuguesa e em Portugal a partir do século XVII. É membro do Núcleo de Iconografia Musical/CESEM da Universidade Nova de Lisboa.

Fonte: www.museudelamego.pt

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