Seminário Interdiocesano – Um Novo Seminário
No mês de Outubro de 2013 abriu um novo Seminário em Portugal: trata-se do Seminário Interdiocesano de São José, com sede em Braga. É constituído por seminaristas das Dioceses de Bragança-Miranda, Guarda, Lamego e Viseu e por uma equipa de quatro sacerdotes. Os seminaristas frequentam as aulas na Faculdade de Teologia de Braga, da Universidade Católica Portuguesa.
Desde há vários anos, os seminaristas das quatro Dioceses frequentavam o Instituto Superior de Teologia de Viseu, com sede no seu Seminário Maior (estará sempre por cumprir o dever de gratidão ao excelente corpo docente deste Instituto e sobretudo à Diocese de Viseu). Por várias razões, no entanto, o Instituto teve de encerrar. Mas com isso não acabou, porque nunca pode acabar, a comunhão entre as Igrejas. E desse esforço de comunhão e da vontade de continuar juntos a procurar o melhor para a formação dos futuros sacerdotes, nasceu este novo projecto comum. Um seminário interdiocesano é uma realidade nova em Portugal. Também por isso é um grande desafio, em primeiro lugar para quem mais directamente nele está envolvido, mas também para os presbitérios e para todos os diocesanos, pois a causa das vocações sacerdotais é responsabilidade de todos os cristãos.
Não se pode ignorar que esta situação, fruto, também, do reduzido número de seminaristas, causa inquietação, sofrimento, opiniões diversas. A alguns traz mesmo à memória aquele momento particularmente doloroso da história do povo de Israel que foi o exílio da Babilónia. Foram anos em que se abalou a confiança no Deus da aliança. Mas com a ajuda dos profetas, perceberam que Deus é sempre fiel e tem coisas muito importantes a dizer, mesmo estando longe da sua “sua” cidade e do “seu” templo… Para quem passou das lamentações à esperança, aquela “noite escura” revelou-se uma bênção, uma aprendizagem, um momento de conversão.
Com grande sabedoria, os padres e mestres espirituais das Igrejas do Oriente costumavam dizer que a vida cristã consiste em adquirir o Espírito Santo. Sem a acção do Espírito Santo, a Igreja não existiria, a palavra de Deus não seria escutada como tal, não haveria santos, nenhum acto de caridade seria possível. Por isso, pessoalmente, gosto de ver os dois mil anos da história da Igreja, como história de espiritualidade, isto é, como a história que o Espírito Santo foi construindo em sinergia com os homens e mulheres que se abriram à sua acção e na medida em que o fizeram.
Perceber a presença e a acção do Espírito na vida da Igreja é um exercício de fé, mas também de esperança. Apesar dos pecados da Igreja, e sabendo que a graça de Deus não anula a natureza humana, antes a supõe e aperfeiçoa, é vital acreditar que o Espírito continua, no presente, a guiar a Igreja universal, assim como as nossas Igrejas particulares.
Evoquemos a memória do exílio sem deixar de evocar a memória viva do Espírito Santo. Não para nosso consolo estéril, mas para que nos ilumine, nos faça encontrar os caminhos certos e nos desinstale. Para que nos deixemos desafiar por Ele e como Igreja percebamos para onde nos chama nesta hora. “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas” (Ap 2,7) Pe. Paulo Figueiró
Foto de conjunto : O Seminário é composto por 19 seminaristas, 4 de Bragança-Miranda; 3 da Guarda; 8 de Lamego e 4 de Viseu. Compõem a Equipa Formadora 4 sacerdotes
Fonte: Voz de Lamego