Entre Margens. Uma ponte fotográfica sobre o Douro
O projecto conclui hoje três anos de actividades, com a inauguração da última de 34 exposições. São mais de 200 imagens para ver na Régua
Tudo começou em 2011, quando os Verões se tornaram um pouco mais especiais a norte. “Entre Margens: O Douro em Imagens” marcou o calendário estival com exposições de fotografias no espaço público, complementadas com conferências, espectáculos de música, de teatro, cine-concertos ao ar livre, dança e artes multidisciplinares. Objectivo? Criar novos pólos de produção cultural, estimular a intervenção no espaço público e a memória da região e, claro, promover uma zona que é um verdadeiro cartão postal.
Chegados a 2013, e avaliando a colheita das iniciativas realizadas desde o ano fundador entre os meses de Junho e Outubro, o projecto contabiliza 34 exposições, 600 fotografias, 85 espectáculos, dez acções de formação e cinco conferências internacionais. Hoje às 22h00 é inaugurada a última mostra, ao longo de toda a extensão da ponte pedonal que une Peso da Régua e Lamego.
Do elenco de mais de 200 fotografias apresentadas fazem parte nomes contemporâneos nacionais e internacionais que trataram o Douro, o cenário em destaque neste trajecto. Esta exposição retrospectiva visita todos os 12 fotógrafos convidados e os 31 fotógrafos emergentes que, ao longo destes três anos, apresentaram a sua interpretação fotográfica do território e das gentes durienses. De Céu Guarda chegam inputs encontrados “Na Vida Real”, uma incursão ao quotidiano que escapa à moldura turística. Em “Ferreirinha”, Pauliana Valente Pimental homenageia as mulheres que estão ligadas à vinha no Douro. Seguimos o caminho “Na Adega”, uma missão a cargo de Daniel Blaufuks. Num jogo de texto e imagem, nem sempre concordantes, Paulo Catrica revê as vistas durienses, casando-as com as palavras do guia Portugal 2012. As “Pedras” de Nelson d’Aires são a raiz da força deste cenário e dos seus habitantes. “Territórios do Prazer” é a proposta de Luísa Ferreira. Há também um “Douro Industrial” que Inês d’Orey nos mostra. E a “Água Dura” de um rio que enfrentou um caminho difícil, através dos desfiladeiros rochosos do Norte de Portugal, como lembra António Pedrosa. Não se esqueça ainda da expressão popular antes de abalar de viagem: “Nove meses de Inverno e três de Inferno”, outra forma de evocar esta geografia, por João Pedro Marnoto.
Vistos com olhos de quem chega de fora, as objectivas dos forasteiros acrescentam outras histórias a esta panóplia. Os tradicionais caretos de Lazarim revelam-se nas fotografias de Chloe Dewe Mathews, enquanto o brasileiro Gil Sibin ensaia uma “Via Sacris”, e Brian Griffin devolve retratos com uma sensibilidade que apela às razões do coração.
São nomes que se cruzam com as jovens promessas da imagem, e que vêem as suas obras distribuídas por 32 cubos, 13 paralelepípedos e 38 framelights. Entre o talento que floresce contam-se as participações de José Pedro Tomás, Inês Nogueira Mesquita, Luís Montanha ou Sérgio Rolando.
sons do douro Promovido pelo Museu do Douro, o Entre Margens conclui a sua intervenção cultural depois de unir oito municípios durienses. Em dia de inauguração na Ponte Pedonal da Régua, as imagens reforçam a sua voz com as canções. A música está entregue aos Sons do Douro, um projecto que descobriu sonoridades em pipas de vinho e procura promover o encontro entre a música popular e a percussão contemporânea.?Mais de 50 músicos participam nesta performance. Com idades entre os 14 e os 53 anos, vêm de concelhos como Vila Real, Peso da Régua, Alijó, Lamego, Tarouca e Armamar.?A coordenação artística é da responsabilidade do percussionista Hugo Menezes, que já trabalhou com Cool Hipnoise, Mercado Negro, Tora Tora Big Band, entre outras.
No próximo sábado, no Museu do Douro, haverá um slideluck, encontro de fotografia, arte e multimédia numa noite de narrativas visuais, música, comida e bebida. Tudo em ambiente descontraído.
www.entremargens.org
